
Terça-feira eu acordei de mau humor, tudo me irritava.Algo que eu não conseguia identificar estava me deixando estressada, nervosa. Passei o dia assim, me equilibrando em meus sentimentos para não acabar descontando em alguém a raiva que eu sentia não sei do que.
Passou o dia, e eu na mesma. Já á noite e eu no mesmo estado de espírito que passei o dia inteiro. Vou eu levar uma programação para os alunos, me deparo com uma mulher no centro da sala em uma cadeira de rodas. A professora que daria aula para aquela turma havia comentado comigo que viria um grupo de dança, e que ela gostaria muito que eu assistisse a apresentação, então não foi pouco o meu espanto ao ver aquela mulher ali numa cadeira de rodas vestida de colã e sapatilhas. Entrei na sala e vi que todos estavam paralisados olhando atentamente para as 3 cadeirantes ali presentes. Sim, ao entrar eu pude ver que não era apenas uma , e sim 3.
Ela estava falando sobre a sua experiência com a dança, e como havia mudado a sua vida através dela. Cada uma foi dando seu relato de superação e luta, e como a dança havia contribuído para uma qualidade de vida melhor. Ao redor pessoas emocionadas, algumas já aos prantos comovidas com os exemplos relatados ali. Eu ali encostada na parede, me sentindo o pior ser deste mundo, comecei a pensar em como eu me senti durante todo o dia, e durante vários outros dias da minha vida, enfiada em meu rancor e raiva de coisas sem muita importância diante do que eu acabava de ouvir ali.
Tinha dias que eu acordava, me olhava no espelho e me sentia gorda, já era o suficiente para fical mal humorada o resto do dia, da semana e quem sabe do mês. Sentimentos de raiva sem fundamento se aponderavam de mim sem muita explicação, dias que eu simplesmente não conseguia ter outro sentimento que não fosse revolta diante do que via no espelho, ou contra qualquer outra coisa que me desagradace.
E agora ali, diante daquelas 3 mulheres, sorrindo, felizes, e eu chorando. Eu chorava, mas não era de comoção pelos relatos ali ditos, mas sim por me sentir insignificante demais, fraca demais diante da vida. O que eram os meus "problemas" diante do que eu acabava de ouvir alí. Quais eram minhas limitações diante dessas 3 mulheres. Era vergonhoso olhar para mim, olhar para os sentimentos que alimentara á anos. Que direito eu tinha de me revoltar com futilidades como o meu peso, enquanto existem pessoas que comemoram á cada novo movimento conquistado, á cada palavra dita com mais clareza. Agora relembrando aquele momento, eu descobri que o que me fez sair daquela sala , não foi a outra professora que eu havia esquecido na porta da minha sala, mas o quão eu me sentia envergonhada diante daquelas 3 mulheres.
Por que será isso tocou tão profundamente em mim? Afinal eu vejo pessoas com problemas, dificuldades e limitações todos os dias. Por que naquele momento foi diferente? Não sei...só sei que mexeu e muito comigo. Me fez pensar o quanto tenho sido egoísta e ingrata muitas vezes. Decidi que vou procurar enxergar as coisas por outra ótica, claro que não vai ser de uma hora para outra que eu vou conseguir me olhar no espelho e amar o que vejo. Mas prometi á mim mesma que de hoje em diante eu vou olhar mais para o que tenho de positivo do que de negativo.
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